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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Clássicos do artesanato pernambucano

Reportagem do Diário de pernambuco
Do Agreste ao Sertão, municípios do estado ficaram famosos pela confecção de produtos específicos. Saiba onde encontrá-los na capital
Publicação: 06/11/2013 17:41 Atualização: 07/11/2013 16:20
Obra de Mestre Vitalino influenciou toda uma geração de artesãos pernambucanos. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press
Obra de Mestre Vitalino influenciou toda uma geração de artesãos pernambucanos. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press

O barro de Caruaru


Terra de Mestre Vitalino, Caruaru dista 130 km do Recife. No Agreste pernambucano, é o município que se sobressai. Em parte pela temperatura mais amena depois que o sol se põe, mas sobretudo pelos trabalhos em barro de seu filho mais ilustre. Vitalino Pereira dos Santos (1909-1963), mais conhecido como Mestre Vitalino, foi o artesão que soube como nenhum outro moldar o nordestino no barro. Em peças que representavam o trabalho, a família e o lazer do homem sertanejo, ajudou a construir o imaginário de um povo. No bairro do Alto do Moura, um dos maiores centros de arte figurativa das Américas, o turista encontra a Casa-Museu Mestre Vitalino, onde o próprio morou, e uma infinidade de outros ateliês de seus discípulos. No Recife, o barro de Caruaru pode ser comprado em vários endereços. Um deles é o Centro de Artesanato de Pernambuco, na Praça do Marco Zero, no Bairro do Recife. Aberto diariamente, das 10h às 20h. Mais informações: (81) 3181-3451.

Carrancas podem ser moldadas no barro ou esculpidas na madeira. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press
Carrancas podem ser moldadas no barro ou esculpidas na madeira. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press

 
A carranca de Petrolina

Seguindo interior adentro, o turista vai encontrar Petrolina, a capital do Sertão pernambucano. Se não quiser percorrer os 720 km em busca das famosas carrancas petrolinenses, é só se dirigir ao Mercado de São José, na Praça Dom Vital, s/n, no bairro de São José, centrão do Recife. Foi Ana Leopoldina Santos a responsável por moldar as primeiras carrancas na argila. Seu trabalho chamou a atenção pelos traços inéditos. Passou a responder por Ana das Carrancas, tornando-se a mais importante artesã da região e, décadas depois, merecedora da Ordem do Mérito Cultural pelo governo federal. Aos poucos, sua técnica ecoou de Petrolina para o restante dos municípios do estado. Hoje em dia, já tem carranca, inclusive, esculpida na madeira. Se maiores, servem para guardar a casa. Se menores, servem de amuleto contra o mau olhado. Independentemente disso, simbolizam a criatividade de "uma mulher, negra, pobre e nordestina que venceu na vida". Palavras de Maria da Cruz Santos, filha de Ana das Carrancas. Mais informações: (81) 3355-3026.

Renda renascença é típica de Pesqueira, mas pode ser facilmente encontrada no Recife. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press
Renda renascença é típica de Pesqueira, mas pode ser facilmente encontrada no Recife. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press

 
A renda de Pesqueira

Em Passira e Poção, mas principalmente em Pesqueira, no Agreste do estado, são as rendeiras que despontam como atração turística. A renda renascença confeccionada ali ganhou o mundo. "Vem muita gente da Europa e dos Estados Unidos passear na Casa da Cultura. E quando conhecem o trabalho, compram mesmo", conta uma das vendedoras da antiga casa carcerária que, atualmente, faz as vezes de centro de artesanato. O visitante encontra de toalhas imensas a conjuntos de cama, passando por jogos americanos e peças de vestuário. Os preços fazem jus ao minucioso trabalho manual das rendeiras e podem chegar facilmente à cifra dos mil reais, a depender do produto. Pesqueira fica a cerca de 200 km do Recife, mas a Casa da Cultura está na Rua Floriano Peixoto, s/n, Santo Antônio. Mais informações: (81) 3324-0557.

Estampas confeccionadas pelas tapeceiras de Lagoa do Carro. Foto: Romero Accioly/DP/D.A Press
Estampas confeccionadas pelas tapeceiras de Lagoa do Carro. Foto: Romero Accioly/DP/D.A Press

O tapete de Lagoa do Carro

Na Zona da Mata, a 60 km da capital, Lagoa do Carro é sempre lembrada pela produção de tapetes artesanais. A vocação das artesãs deu origem, inclusive, à Associação das Tapeceiras de Lagoa do Carro, prestes a completar 25 anos de atividades. Anualmente, o trabalho pode ser conferido na Feira do Tapete e do Artesanato que acontece na cidade. Neste 2013, comemora-se o décimo segundo ano da iniciativa. Tido como o maior produtor de tapetes do Nordeste, o município chega a movimentar a economia em R$ 50 mil ao ano. Destacam-se entre as mestres tapeceiras, Luíza Costa, Terezinha Lira e Maria de Barro. No Recife, até o dia 15 de novembro é a Casa de Cultura que recebe trabalhos dessas e de outras tapeceiras. A exposição é aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, no sábado, das 9h às 18h, e no domingo, das 9h às 14h. A entrada é gratuita.